quarta-feira, 27 de abril de 2011

Crítica: «Ghostgirl - O Regresso»

«Um ano depois do lançamento do primeiro volume em Portugal, a Contraponto volta a apostar em Ghostgirl, uma série que se destacou pelo cuidado estético na sua edição e pelas influências evidentes de Tim Burton.
Após terminar o Ensino para Mortos, Charlotte Usher descobre que ainda tem um estágio para realizar: o atendimento de adolescentes problemáticos numa central telefónica.
Enquanto se debate com os mesmos problemas de invisibilidade social que tinha quando era viva, o mundo dos vivos volta a dar-lhe problemas quando Petula fica em coma.
Mesmo com um ano de intervalo entre os lançamentos, quando tomamos contacto com a escrita leve e bem-humorada de Tonya Hurley, lembramo-nos imediatamente do primeiro volume e da peculiar história da morte de Charlotte – morreu engasgada com uma goma em forma de urso.
Notam-se algumas melhorias na linguagem e na estrutura da história, assim como uma aposta mais forte no humor negro e em referências à cultura pop, que consegue tratar de forma ligeira um tema tão pesado como o da morte.
As personagens continuam tão cativantes e interessantes como no primeiro volume. São introduzidas novas personagens fortes, como a irritante Maddy, e são aprofundadas outras já conhecidas: Scarlet, Damen e Petula.
Os temas e mensagens abordados neste segundo volume não diferem muito dos do primeiro. Por detrás da futilidade e até do ridículo de algumas personagens, Tonya Hurley continua a criticar a obsessão com a popularidade, a vaidade e a traição. Apesar disso, Ghostgirl acaba por ser uma história sobre o poder da amizade capaz de transpor a barreira entre a vida e a morte.
É impossível não referir a vertente estética desta obra. Se no primeiro volume já havia um cuidado especial com a edição, neste há uma melhoria incrível. Além do cuidado da autora com as citações, capítulos com títulos de músicas pop e pequenas reflexões filosóficas no início de cada um deles, é bastante agradável ver as páginas ornamentadas e apreciar os desenhos de inspirados no imaginário de Tim Burton.
Contudo, apesar de todas as melhorias a nível de escrita e de edição – Ghostgirl não é só agradável de se ler, mas também de se ver –, a história não é tão cativante como no primeiro romance. É interessante e divertida, mas ao mesmo tempo há um sentimento de ser “mais do mesmo”.
Apesar de dirigido a um público juvenil, Ghostgirl – O Regresso vem provar uma vez mais que até os adultos podem ficar rendidos ao humor e às mensagens da história de Charlotte Usher.»
Fábio Ventura, Bela Lugosi Is Dead